“Travessia de Verão” se passa em Nova York no período após a Segunda Guerra Mundial e conta a história de Grady Mcneil, uma jovem de uma família rica nova-iorquina que, pela primeira vez, passará o verão sozinha em sua cobertura na Quinta Avenida, enquanto os pais viajam para a Europa. Livre na cidade, Grady vive um caso de amor secreto que vinha tendo com um rapaz judeu, funcionário de um estacionamento do Brooklyn. Este verão, no entanto, mudaria para sempre sua vida.
“Travessia de Verão”, sem dúvida, é um dos livros mais incríveis que já li. Não somente pela forma maravilhosa com que Truman Capote escreve, mas também como descreve os amores juvenis, os conflitos de classes e os sentimentos tão complexos que permeiam e insistem mesmo quando tudo parece não dar certo. Além de um romance complicado e das incríveis experiências de Grady ao longo do livro, é possível também sentir o tom especial da Nova York da época. O clima, as pessoas e o verão nova-yorkino constituem não somente a alma do livro, mas também fazem parte dele como um personagem. O poder de um livro, sem dúvida nenhuma é de nos permitir viver um mundo inteiramente nosso, mas, além disso, ele também nos permite realizar viagens e ter experiências inimagináveis. Esse foi um dos sentimentos que mais esteve presente comigo durante e após a leitura deste livro.
Além disso, é possível perceber a evolução dos personagens conforme a história avança. É perceptível o crescimento de Grady e de Clyde, rapaz com quem ela se relaciona. Acompanhamos suas angústias, seus sentimentos e dúvidas, mas principalmente, seu amor. Além de todo o desenvolver do verão de Grady e de seu romance secreto, é impossível parar de ler o livro, sempre movidos pela curiosidade acerca da relação entre os dois, sem saber se o romance dará certo ou não. E, não bastasse toda a escrita incrível de Capote e da história cativante, o final é coisa de gênio e de louco.
Não pretendo dar “spoiler” sobre nenhum dos livros que descreverei aqui, mas, ao conhecer a história de como esse livro foi “descoberto” e publicado, o final se torna ainda mais especial. Para aqueles que não sabem, “Travessia de Verão” é um livro póstumo de Truman Capote e foi escrito por ele ainda na década 1940, mas só foi descoberto 50 anos depois, sendo publicado somente em 2005. Os manuscritos e anotações que compuseram o livro foram achados em um antigo apartamento no Brooklyn, onde Capote viveu na década de 1950. Descobrir está descoberta acerca desse livro só o torna ainda mais especial. A versão traduzida da Editora Alfaguara possui um Pósfácio belíssimo escrito por Alan U. Schwartz, advogado e beneficiário da obra de Capote. Ele descreve um pouco a relação com Capote, a origem deste livro e a descoberta dos manuscritos que levaram a esta publicação. Ler este posfácio é quase como uma obrigação do livro, uma complementação de sua história e da alma de seu autor.
Dito isso, só posso dizer que sou mais uma pessoa que ouviu falar de Truman Capote pela primeira vez ao assistir “Bonequinha de Luxo”. Nunca li o livro que deu origem ao filme, mas ainda pretendo fazê-lo. Só posso dizer que “Travessia de Verão” foi o primeiro livro deste autor genial com o qual tive contato e não me decepcionei. Pelo contrário, apenas me apaixonei ainda mais, e fez com que o verão de Grady se tornasse um dos melhores livros que já li. É leitura mais do que recomendada, é obrigatória e apaixonante!
Título: Travessia de Verão
Autor: Truman Capote
Editora: Alfaguara/Objetiva
Ano de Publicação: 2005
Número de Páginas: 143
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